Dois pesquisadores da Universidade de Linkoping, na Suécia, recentemente demonstraram que artigos científicos baseados em estudos da técnica XPS podem ser invalidados por erro de calibração do instrumento base para suas definições. A técnica em questão é a espectroscopia de fotoelétrons energizados por raios X, mais conhecida por XPS, é a que geralmente é usada para determinar a composição química dos materiais.
Simplesmente, mais de 12.000 artigos científicos são publicados todos os anos com base em análises de medições feitas com essa técnica, que se tornou o método padrão da ciência dos materiais.
Essa notícia confirma algo que já é sabido, a medição deve ser precisa, baseada em aferição delicada, comprovações e ciência, acima de tudo. Uma aferição errada coloca em risco todo o processo que vem depois dela, inclusive a aplicação do produto ou serviço garantido por ela que é entregue à população.
Um fato interessante é que quando a XPS foi desenvolvida, nos anos 1960, vários pesquisadores chamaram a atenção para a possibilidade desse erro. Depois disso, contudo, o conhecimento sobre o erro caiu no esquecimento, passando despercebido nos últimos 40 ou 50 anos – sem nunca ter sido corrigido.
“É um ideal em pesquisa, claro, que os métodos usados sejam examinados criticamente, mas parece que algumas gerações de pesquisadores não conseguiram levar a sério os sinais iniciais de que o método de calibração era deficiente. Esse foi também o caso por um longo tempo em nosso próprio grupo de pesquisa. Agora, no entanto, esperamos que a XPS seja usada com mais cuidado,” disse o professor Grzegorz Greczynski.
SOBRE A XPS:
A XPS foi desenvolvida durante a década de 1960 pelo professor Kai Siegbahn, na Universidade de Uppsala, na Suécia, para determinar a composição química dos materiais – o trabalho rendeu a Siegbahn o Prêmio Nobel de Física em 1981.
“O trabalho pioneiro que levou ao Prêmio Nobel não está em questão aqui. Quando a técnica foi desenvolvida inicialmente, o erro era comparativamente pequeno, devido à baixa precisão dos espectrômetros de calibração usados na época. Porém, como a espectroscopia se desenvolveu rapidamente e se disseminou para outros campos científicos, os instrumentos foram aprimorados a tal ponto que o erro subjacente se tornou um obstáculo significativo para o desenvolvimento futuro,” detalhou o professor Lars Hultman.
O que Hultman e Greczynski descobriram é que a técnica original está sendo usada de forma errada, devido a uma suposição errada usada no processo de calibração do instrumento.
“Nossos experimentos mostram que o método de calibração mais popular leva a resultados absurdos e o uso dele deve, portanto, ser interrompido. Existem alternativas que podem fornecer uma calibração mais confiável, mas estas exigem mais do usuário e algumas precisam de refinamento. No entanto, é igualmente importante encorajar as pessoas a criticarem os métodos estabelecidos em discussões de laboratório, no departamento de desenvolvimento e em seminários,” concluiu Greczynski.